terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Monólogo de duas

terça-feira, 8 de dezembro de 2009
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Sabe, mãe...
Esses dias eu tenho pensado muito em você.

Eu tenho pensado demais em tudo.
Pensado em recomeço.

Não tinha noção que recomeçar fosse tão difícil e demorasse tanto pra sair desse estágio (re)inicial.

Sei que eu não tô muito sozinha, mas no fundo, no fundo, é como eu me sinto.

Em proporções bem menores, como um planeta, único e solitário, cercado de satélites.
Essa gente me rodeia, me acessa, me ilumina...
Mas no final das contas, quem está lá, com a cabeça girando sem parar, sou eu.
E só eu.

Imagino que você me entenda.
Imagino que fosse assim contigo também...
A gente não se entendia normalmente, mas no fundo era tudo igual, só que diferente... ;)

Nunca me senti tão importante na vida de alguém como na sua.
Você sempre soube quem eu era e o quanto de trabalho que eu ia dar nesse mundo.

Agora que você não está mais aqui, a sensação de vazio é inevitável.
E a sensação de desimportância também.
Pois ser importante pra mim mesma não é o suficiente pra se viver.

Olhando assim pra mim, ninguém entende muito bem.
Na verdade, ninguém tem nada a ver com isso, não é mesmo?
Porque esse lado das pessoas não interessa a ninguém.
Estar na companhia de alguém com este meu "porém" não é bacana, não é divertido.
Cansa.

A mim, não resta outra opção.
A minha cansada companhia é inerente.

Ando tão repleta de mim, que me sinto vazia.
Agora compreendo perfeitamente o vazio de se estar de saco cheio, sabe, mãe...

Mas isso vai mudar.
E desde que nasci eu já me sinto lutando pra que tudo seja diferente e melhor a cada dia.
Mas nem tudo depende só de mim.
Têm os satélites que giram ao meu redor.
E como o lugar-comum já diz, o universo tem que conspirar a meu favor...

Sei, mais do que nunca, que eu quero deixar isso aqui pra trás e começar tudo em um outro lugar.
Começar... É. Começar.
Porque a partir de hoje o que começa é a minha próxima vida.

O que veio antes era só final.

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0 luz(es) no fim do túnel: