sexta-feira, 19 de junho de 2009

Jeito pra coisa

sexta-feira, 19 de junho de 2009
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Em 2006 descobri o que é ser CONTINUÍSTA.

Uma ousada oportunidade que tive. A primeira vez e já em um longa-metragem.
Pode parecer pouco tempo que se passou, mas arrisco dizer que, quando se é novo, aceita-se os desafios de peito mais aberto.
E foi assim que eu fui. Sem medo, mas hiper ansiosa.
Meu primeiro longa também!

Continuidade é uma bela função. Infelizmente, não é pra qualquer um.
Essa foi a primeira coisa que eu aprendi.

Costumo dizer que o continuísta é o "estraga-prazeres" do set.
Quando estão todos lá vibrando com uma atuação maravilhosa, um movimento de câmera impecável, lá vai ele nos seus poréns...

- Olha, não levem a mal, mas...

Mas a atriz errou a deixa, o boom entrou em quadro, o cigarro apagou, o câmera apareceu no espelho...

E a equipe inteira vai ao chão.
E não acredita.
E quer rever no video assist.
E confirma.
E roda o Take 2...

O trabalho de um continuísta é como entrar em um panóptico.
É como possuir os mil olhos do Dr. Mabuse...
Deve-se dar conta de tudo e todos. Não se esquecer de acompanhar cada segundo.

Entre algumas das funções, estão:

-Acompanhar o roteiro;
-Escrever a claquete;
-Cronometrar os planos;
-Preencher o boletim de continuidade (anotando enquadramento, ação, personagens, observações, deixas, avaliação, minutagem...);
-Preencher o boletim de câmera (lente, rolo, chassis, diafragma, observações para laboratório...);
-Acompanhar a metragem do negativo e alertar quando estiver no final;
-Cuidar da identificação das fitas/rolos;
-Fazer carta de rolo;
-Tirar fotos do cenário, personagens, figurino e tudo que entrar em raccord;
-Acompanhar os vários tipos de raccord e evitar quebras de eixo...

Ai, chega! É tanta coisa!
E quase tudo isso só entre o ação e o corta...

Quem olha assim pergunta: "Mas por quê você faz isso?"
E eu sei lá!
Só sei que eu faço e descobri em mim um estranho talento para isso...

Espero que o próximo filme seja sempre melhor do que todos os outros.

Mas cada filme é um desafio diferente e em cada um deles entro com um diferente frio na barriga.

Que continue assim!

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2 luz(es) no fim do túnel:

Thaisy Chantal disse...

Vivi! Muito bom ver você se desenvolvendo como continuísta! E está fazendo um ótimo trabalho como jornalista tbm. hahahah Belo texto!
Então, prazer maior é ter podido aprender com você esse papel do continuista, ao menos em teoria, ao vivo! Sabe que fiz "documentários" esse período na faculdade e fui a única da sala toda a ter duas notas 10!! Muito disso, graças a senhorita e sei bem disso. ;)

Insone disse...

Oxi, brigada pelo carinho, Thai!
Vc sempre foi uma ótima aluna comigo. Não seria diferente na faculdade!
Go ahead, baby. Go ahead...