sábado, 20 de junho de 2009

O Pebbles de cada um de nós

sábado, 20 de junho de 2009
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Hoje ao ler O Globo me deparo com esta "notícia célebre":

"Susan Boyle é afastada de mais um show depois de surto"

"Susan Boyle foi afastada de mais um show da turnê do programa "Britain's got talent" na noite de quinta-feira, depois de ter sofrido um surto no hotel em que estava hospedada em Liverpool, na Inglaterra.
Os produtores alegaram que a cantora estava "muito cansada". As informações são do jornal "The Daily Mail".
A cantora foi vista gritando por seu gato, Pebbles, na varanda de sua suíte que dava para o átrio, no oitavo andar do hotel Radisson SAS na tarde de quinta.(...)
(...) vários hóspedes do hotel afirmaram ao "The Daily Mail" que Susan havia gritado várias vezes "Onde está meu gato?" em sua varanda durante a tarde de quinta.
O porta-voz não informou quando Susan voltará a integrar a turnê, que passa pela cidade de Nottingham no sábado, antes de seguir para Londres no domingo."

Sério, dessa vez eu fiquei com pena da Susan...

Daí isso me fez pensar: Quantas vezes, cada um de nós, pelo menos uma vez em nossas vidas já não chamamos, gritamos "por nosso gato"?

A cabeça vai tão longe, certos acontecimentos e sensações tomam uma proporção gigantesca e o surto é inevitável.

A necessidade por qualquer coisa que nos seja cara - um gato, um amor, um emprego, uma mãe, um telefonema, estabilidade -, enfim, cresce tanto que se agiganta sobre nós, como um moinho de vento quixotesco.
É tudo muito rápido e intenso. Por vezes não entendemos como começou e como terminou.

Parece algo externo a nós que nos invadiu.

Mas pelo contrário. Creio que isto esteja mais dentro de nós do que imaginamos.
Dentro, mas tão dentro que nos tornamos incapazes, em meio nossa ignorância e displicência diária com nós mesmos, de perceber e de cuidar desse algo. Desse "ser" dentro de nós que clama por nossa atenção e vez ou outra irrompe por nossos poros, boca, olhos e ouvidos. Nos estupra de dentro pra fora, como num enorme vômito involuntário e flagrantemente necessário.

Não sei de que forma expulsar isso, nem sei se há formas de conseguir tal intento.
Por mais que façamos todo e qualquer tipo de atividade expurgante - ouvir música, malhar, cantar, transar, escrever, correr, gritar, etc -, ele sempre volta. Está lá, como um geiser prestes a jorrar.

Talvez seja algo indelével. Intrínseco, faz parte do pacote. Faz parte da graça da viagem.

Se nos faz sentir vivos?
Talvez.

Talvez a quase morte do vazio que dá nessas indas e vindas da alma nos faça perceber com mais clareza o fundo do abismo depois que tudo passou.

E sorrir, vendo que a vida voltou e que tudo (será?) não passou de um simples grito da alma.

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0 luz(es) no fim do túnel: